segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Como não falar de mundo se a sensação de mundo me preenche?


Taí uma das coisas do rol das indizíveis que mais me incomodam, feito pulga atrás da orelha, feito sapato molhado (que a chuva inesperada de hoje me fez ver o quanto é ruim), feito ruído desconhecido tarde da noite vindo não sei de onde. Me incomoda muito saber como esse mundo nos enche de visões, de sons, de cheiros e como essa rede intrincada de significados nos torna, tantas vezes, insignificantes. Eu sinto como um esmagamento, como um constante pressionar, um grande peso que monta em minhas costas e me obriga a suportar.
O incômodo, no entanto, não é de todo terrível. È um tipo de incômodo que faz pensar e move – a todos nós – para além daquilo que somos capazes de sentir. Sentir... falo tantas vezes disso porque é sempre isso, no fundo, o que me faz viver. E o incômodo está aí, bem nesse ponto, no sentimento do mundo que deu voz e nome a tantos poetas e livros de poetas...
Talvez seja essa a expressão exata: um sentimento do mundo, e de mundo bem grande, maior que Raimundos e rimas, maior que Fernandos e campos, maior que as bandeiras e as fronteiras. Um sentimento que não cabe em lugar algum e preenche a minha vazia cabeça.