quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Prosa cansada


“O que há em mim é sobretudo cansaço”
O cansaço não me permite ver além. Ele me toma e me faz lento, lento. Não processo, não me integro, mas sigo respirando. Talvez, por isso, vivo. Engraçado é como tenho vivido cansado. Cansa viver. Mas não seria viver se não nos tomasse tempo e forças. Por isso é que agüentamos. Com o cansaço, o velho “empurrar com a barriga” toma a frente de boa parte de minhas atitudes. Tudo vira desculpa para o não fazer agora. Deixa-se tudo para depois, para quando estiver descansado (ou menos cansado). E as coisas vão se acumulando, se sobrepondo, se “injustapondo”. E por isso não vejo nada além. Só vejo uma necessidade imensa de adiar tudo porque estou cansado demais. E isso cansa....
“Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...”
(Álvaro de Campos)

(A imagem é de Caribé para o livro "Tereza Batista cansada de guerra" de Jorge Amado.)