domingo, 29 de julho de 2007

Aniversário


Eu tenho observado bem a vida passar. E ela tem me surpreendido, a danada. Outro dia mesmo fiz aniversário, mais um ano de vida, mais um lírio colhido no jardim da vida (se eu fosse mulher, seriam rosas – como rio disso tudo), e fiz algumas constatações interessantes – ao menos pra mim são interessantes.
Primeira constatação: eu sou feliz sim. Mais, muito mais do que imagino, muito mais do que penso em meus momentos de pouco amor por mim mesmo (acho que todo mundo acorda pelo menos num dia do ano se achando a pessoa mais estúpida e odiada do universo). E felicidade, já diziam os sábios, está nas pequenas coisas mesmo. Não é que era verdade? Daí vêm aqueles comerciais de supermercado e martelam na sua cabeça: “O que te faz feliz?”. Caramba, eu não sei o que me faz feliz. Ou sei? Essa é daquelas coisas indizíveis que sempre falo e que já estão virando lugar-comum (e ficando chato) em meu blog. Mas o mérito do comercial é mostrar que ser feliz tá ali, explicitamente escondidinho, eclipsadamente à mostra.
Segunda constatação: a gente perde tempo demais tentando medir se somos muito ou pouco felizes. Nesse ínterim (!), os pequenos momentos vão escorregando no gargalo do tempo. Aliás, por que se perde tanto tempo para saber se se é feliz, quando isso não se mede, não se conta, não se analisa? Quem foi que inventou isso de querer saber onde, como, quando, com quem, em que posição, de que modo, a quantos graus e por que se é feliz? O melhor dessa segunda constatação é que na verdade não saí do lugar, continuei como estava... A gente não precisa de resposta para todos os questionamentos, senão acaba perdendo a graça questionar...
Paremos aqui com as constatações. O bonito de tudo isso foi ver como tenho amigos bacanas e que gostam de, pelo menos, curtir um momentinho junto comigo. Isso já está de bom tamanho. E isso pra mim é amor. Amor grande manifestando-se no pequeno espaço de um “parabéns pra você!”; de um abraço apertado, ou só de um aperto de mão afrouxado pela timidez; da desculpa pela falta do presente; do alô a distância, do recadinho virtual. Isso é o que chamo de “pequenas coisas”, mas que trazem uma felicidade imensa...

4 comentários:

Sol disse...

Belo texto, bela imagem...

tenho muito mais a falar.... mas agora são 1:40 da madrugada e estou com dor nas costas...

mas ainda falo mais disso tudo!!!!


( a foto ficou tão surpreendente, né?? é como a vida, a surpresa na beleza das coisas simples...)

Anônimo disse...

Bolo de Gil, bolo de Gil... E mais palavrinhas lindas de Gil...

Meu querido... Como já te disse, li um e-mail que trocamos há quase dois anos e me emocionei. Mudaram as paixões, os problemas, os motivos para a falta de tempo. Mudou o amor e desamor, o trabalho, o tempo, a idade. Mas a gente permanece. A amizade, a descoberta. Já dizia Vinícius que a vida é a arte do encontro. E encontrar você transformou a minha vida. Às vezes a gente nem pensa no quanto tal pessoa é importante para sermos o que somos. Você foi um desses encontros arrebatadores, que mudam tudo não por trazerem coisas diferentes, mas por trazerem aquilo que há de mais profundo em nós mesmos. E a felicidade está aí: nos encontros, nos momentos, nas dificuldades, nos acertos, nos erros e risadas do mundo. A felicidade existe e existe mais ainda quando não pensamos nela, quando nem paramos para pensar se estamos ou não felizes. Felicidade é uma colcha de retalhos, é olhar para a nossa vida - como você fez - e dizer: puxa vida, como é tudo tão bonito! Por mais que existam milhares de problemas, lágrimas, insanidades, medos, inseguranças e dúvidas nesse mundo. Ser feliz não é estar alienado, é aprender a conviver com a vida, com seus traços cheios de idas e vindas, cheios de surpresas. A felicidade não é um estar alegre o tempo todo, mas é um sentir paz, é um "saber-se" seguro, querido, amado, pelos amigos, pela família e sobretudo por nós mesmos. Existem aqueles momentinhos mais doídos que às vezes duram um segundo, às vezes vão e voltam a vida inteira - "Essa ferida às vezes não sara nunca, às vezes sara amanhã". E existem os momentinhos de euforia, de alegria escancarada, exagerada e intensa. Lembro de um momentinho assim. Estava eu sentada no ônibus, não no banco, mas na porta do meio (por onde descemos nos corredores de ônibus). Lembro de vestir verde - minha cor preferida - e estar com os cabelos arrumados em duas tranças. Lembro de sentir uma felicidade invadindo tudo, de olhar para as pessoas do ônibus, de olhar pela janela, de olhar para dentro, para trás, para frente e me sentir grande, leve, feliz. Os motivos dessa felicidade se foram, passaram rápidos como um temporal desses de verão, mas a sensação ficou em mim de tal forma que até hoje sinto na pele ao lembrar do dia. Tive também momentos de desespero, de pânico, de faltar o ar de tanta confusão, de tantas coisas e pessoas e sentimentos ruins girando na cabeça. Mas procuro não pensar nesses dias, procuro buscar as mesmas situações em que me levaram a essas crises.

A felicidade é levinha, mas não é efêmera. Ela fica na gente, e não precisa ser lembrada apenas com nostalgia. Mais do que as perdas que vamos sofrendo pela vida, existem as sensações, os momentos felizes. Te amo no mundo, meu querido. Me perdoe pelo texto longo. Falar de felicidade é igual falar de amor. A gente fala, fala e não fala nada. E quer falar sempre mais e mais! Beijinho. Camila.

Anônimo disse...

Correção:

Mas procuro não pensar nesses dias, procuro NÃO buscar as mesmas situações em que me levaram a essas crises.

E o trecho de um poeminha que combina bem com tudo isso:

"sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena


mesmo que o pão seja caro
e a liberdade, pequena".

Beijo. Camila.

Anônimo disse...

Caraca....tenho um amigo poeta...adorei seu blog!!!!