segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Como não falar de mundo se a sensação de mundo me preenche?


Taí uma das coisas do rol das indizíveis que mais me incomodam, feito pulga atrás da orelha, feito sapato molhado (que a chuva inesperada de hoje me fez ver o quanto é ruim), feito ruído desconhecido tarde da noite vindo não sei de onde. Me incomoda muito saber como esse mundo nos enche de visões, de sons, de cheiros e como essa rede intrincada de significados nos torna, tantas vezes, insignificantes. Eu sinto como um esmagamento, como um constante pressionar, um grande peso que monta em minhas costas e me obriga a suportar.
O incômodo, no entanto, não é de todo terrível. È um tipo de incômodo que faz pensar e move – a todos nós – para além daquilo que somos capazes de sentir. Sentir... falo tantas vezes disso porque é sempre isso, no fundo, o que me faz viver. E o incômodo está aí, bem nesse ponto, no sentimento do mundo que deu voz e nome a tantos poetas e livros de poetas...
Talvez seja essa a expressão exata: um sentimento do mundo, e de mundo bem grande, maior que Raimundos e rimas, maior que Fernandos e campos, maior que as bandeiras e as fronteiras. Um sentimento que não cabe em lugar algum e preenche a minha vazia cabeça.

4 comentários:

Anônimo disse...

Que bonito ter um sentimento do mundo. Às vezes o sentimento do mundo arde, sufoca, parece que a gente vai explodir. Às vezes é manso, suave, parece que a gente vai flutuar. Às vezes é engraçado, espalhafatoso, parece que vamos cair numa gargalhada eterna. Às vezes nos faz chorar (aquele choro desesperado) suspirar, rir, ter medo ou desejo de ir em frente. No fundo é o que nos mantêm vivos. Esse grande sentimento do mundo, sentimento que em muitos momentos não sabemos relatar, não temos como contar. Mas respiramos. Hoje sinto sentimento do mundo. Uma vontade de abraçar o mundo todo e ficar assim abraçadinha com o mundo para sempre...

Te amo grande, meu querido.

Não precisa se desculpar... É claro que consigo te compreender e acima de tudo compreender que vc só quer me ver feliz. Não é? Sentimos e agimos de maneiras diferentes, mas eu quero mesmo que você me conte o que vc acha, o que vc sente, o que vc pensa. Preciso disso porque te amo mto mto mto. A sua opinião, os seu sentimentos, a sua amizade são mto importantes pra mim.

Beijo bem grandão.

Igor Pushinov disse...

Eu tenho um sentimento. Não sei se ele é um sentimento de mundo, mas sei que ele é bom. Eu amo.
Amo e considero o amor um mundo de sentimento. Será que é isso a compreensão do sentir?
Não sei... compartilho contigo essa coisa "indizível".

Sol disse...

Caramba, cada texto bonito! Hoje tirei o dia pra ler os blogs amigos e estou tendo sorte, cada um com uma descoberta ou um pensamento ou uma forma de dizer e de explicar o sentir que me toca fundo e me mostra esta estranha sintonia que vai nos percorrendo além da nossa simples vontade!

Esse sentimento do mundo, estranha inexplicação do que se tenta por um instante falar e , quando se diz, já se foi, deixou de ser, se transformou, já é de novo e já não é outra vez na mesma frase, no mesmo minuto e momento, no ser que não se sabe e na vontade, essa perduravelmente perecível além do que podemos compreender...

Eita, lembrei até do sotaque da Daniela! "Sou perecível ao tempo, vivo por um segundo"

Meio assim... disse...

E ainda achas tua cabeça vazia?!