sábado, 31 de julho de 2010

Quase dois meses...



Dois meses quase... Este é o último dia de julho, horas finais de um mês tão repleto de coisas, mês em que faço aniversário, inclusive... Eu, sempre que me volto aqui para este espaço, me culpo por não ter passado mais vezes, escrito mais coisas, falado mais – ainda que só besteiras. Eu gosto de escrever porque alivia e explica coisas que, do contrário, ficariam obscuras com essa insistência em viver sem pensar encadeando acontecimentos, sóis e noites, dia após dia. E os dois meses passados só servem pra reforçar isso: a roda da vida segue e nos engole e é necessário parar de vez em quando para olhar como andam as coisas em volta.
Há quase dois meses chegava ao fim uma das minhas maiores experiências. Minha planejada e, dentro do possível, bem executada viagem a Londres. Ultimamente tenho sonhado até mais intensamente com tudo o que vivi. Algumas cenas voltam inteiras, vívidas e me fazem pensar em como tudo foi muito bom. Que saudade!
Saudade daquele sábado de sol intenso e de céu exageradamente azul em que pela primeira vez pude sair de bermuda e chinelo. Saudade do momento em que, neste mesmo dia, deitei e cochilei no gramado de um parque repleto de gente feliz demais por mais aquele dia de sol forte. Saudade dos cafés da manhã com duas torradas com manteiga e geleia de morango e nescafé com leite. Saudades da Michèle, minha housemate suíça falando pelos cotovelos logo de manhã. Saudade da família que me acolheu e que orientou em tantas coisas. Saudade da timidez da Gaynor nos primeiros dias quando falava comigo e ficava preocupada em se fazer entender sem me assustar. Saudades imensas da escola, das pessoas – mesmo das irritantes – saudades dos colegas, professores e companheiros/amigos de lanches na cantina gordurenta da escola e das buscas por um lugar legal para almoçar. Saudade do friozinho, do metrô de manhã repleto de gente bem vestida e mega maquiada e vinda de várias partes do mundo. Saudade da raposa que atravessou correndo o meu caminho perto de casa quando eu ia para mais um dia de aula. Saudade imensa dos parques, das gentes, dos ares, dos monumentos. Saudade dos ônibus vermelhos de dois andares, da profusão de Starbuck’s e das ruas do Soho nas tardes de maio. Saudade do Tesco, do Sainsbury’s, da Oxford Street e da Primark – onde as calças jeans custavam 8 libras. Saudade daquele mundo todo que se abriu para mim durante um mês.
Que sorte tive de poder ter experimentado tudo isso. Que sorte maior ainda tive por ter podido conhecer Paris, de quebra, no fim da “expedição”. Que lindo por ter tido a doce, alegre, intensa e maravilhosa companhia de minha amiga Andréia na cidade-luz. Sem ela, sem essa pessoinha do meu mundo, tudo teria sido cinza. Que pena que subi na torre com neblina, mas que bom que quando estava lá em cima o sol resolveu ficar mais forte e me permitir ver até bem longe como é linda aquela cidade. Que bom que comprei réplicas da torre a um preço realmente barato (10 por 2 euros), que maravilhoso poder beber vinho em uma autêntica casa de vinhos francesa, na companhia de pessoas tão legais. Que prazer ver o Louvre, a Champs Elysée, o Arco, os parques, andar no metrô que tem pneus em vez de rodas de aço, almoçar num típico bistrot e experimentar a maravilhosa comida daquele lugar cheio de memórias e sonhos.
Saudade boa, saudade feliz. Saudade de algo que te pertenceu por um tempo e que te faz repensar tanta coisa. O mundo é grande demais E era tudo isso que eu precisava registrar aqui, nestas últimas horas de julho. Tem mais, muito mais. Isso aqui é só para se ter uma ideia de como fica minha cabeça quando todas essas cenas voltam a povoar meus pensamentos. Agradeço todos os dias por ter memória e por poder cultivá-la. E que venham as novas viagens, as novas experiências, os novos mundos, as descobertas – ainda que não se vá muito longe, ainda que aconteça dentro de mim mesmo.

Um comentário:

Sol disse...

Viagem faz um bem mesmo, né?