sábado, 20 de setembro de 2008

Rumo


Confesso: achei que seria uma grande tortura fazer minha última disciplina da graduação. Julguei que os dias e as horas se arrastariam a ponto de eternizarem-se e de me causar náusea e rejeição. Mas não. Surpreendo-me sempre comigo mesmo. Estou adorando cursar essa matéria. È produtiva, polêmica, toca em questões as quais me interessam muito. Me faz (obrigatoriamente) pensar em muita coisa e com isso acaba me estimulando a manter viva a chama do estudante eterno. Não quero perder isso. Por isso estou gostando tanto. É uma espécie de fio tênue a que me apego para não perder o rumo.
Embora eu não tenha um rumo tão bem definido assim. Agora, concluindo a tal etapa significativa de minha vida, restam-me apenas escolhas. E são escolhas difíceis. As que fiz até hoje, hoje parecem mais fáceis. Ando vivendo dessas escolhas. Ainda sem saber se tenho agido certo.
Levanto a cabeça em meio à segurança de minhas recentes atitudes, mas as pernas vacilam um tanto ainda. Rumo? A quê? Rumo à transcendência... Necessária e óbvia, depois de tanto desprendimento. O certo é que dói decidir ser algo diferente do que os outros esperam da gente.
Desencontros são esperados ao longo de nossa vida. Sofrimentos são aguardados. Sabemos o quanto são inevitáveis e os toleramos. Saudosos de nós mesmos, buscamos estar sempre dando satisfação ao ser humano que éramos ontem. Mas a cada novo minuto somos outros, outros, outros. E esses outros é que provocam os desencontros. Na roda da vida, no entanto, dá-se uma, duas, três voltas e pode-se voltar a ser o que se foi um dia. Não exatamente igual, mas suficientemente parecido, ainda com uma harmonia capaz até de tornar irrelevante o que passou.
Rumo. Rumo em frente. E agora o mundo. O mundo é bem maior do que imagino. E ele me aguarda, ansioso por me testar.

5 comentários:

Meio assim... disse...

Mas ainda acho boa essa inconstância. Você não acha? Ter sempre uma onda nos invadindo e mudando nossos rumos. Eu vivo disso. E acho que nossa afinidade vem daí, dessa inquietude que compartilhamos. E para quem disser que um dia "chegaremos lá", digo que não, obrigada! Prefiro a eterna busca...

Eduardo disse...

Olá, Gil!

Estou vivendo um momento parecido. Há alguns anos fiz uma escolha, e acredito que fiz a escolha certa, mas agora essa estrada que escolhi trilhar chega ao fim. Já posso ver, alí em frente, vários outros caminhos que partem dessa estrada, mas eu não sei, tanto quanto gostaria, onde cada um deles pode me levar, ou para onde eu quero que me levem.

É,Tenho outra escolha para fazer.

Gostei das fotos. Acho que reconheço esse corredor...

Igor Pushinov disse...

Pois é Gil!

A vida é um eterno processo de (re)aprendizagem e isso não é fácil. Quando nos deparamos com aquilo que realmente somos e com as consequencias de nossas atitudes sempre temos medo. O bom é saber que nada nesse mundo é irreversível, apenas a morte. Te desejo um lindo encontro com o mundo e que ele seja justo e feliz, mas duro quando necessário. Digo-te que a vida realmente vale a pena e que o mais importante de tudo é estar sempre pronto pra um novo recomeço, uma nova possibilidade de ser feliz...

Anônimo disse...

Gil, ando nesses momentos de escolha. Toda escolha implica uma série de renúncias... Escolher uma coisa é deixar de escolher outras. Mas precisamos escolher e seguir. Ainda temos vinte e poucos anos e ainda é possível mudar, voltar, entrar por outros caminhos se desejarmos. Uma sensação de liberdade, mas também de responsabilidade. Não tem ninguém segurando a nossa mão mais, a gente é que tem que se segurar pelos caminhos. Escolhas de vida, de cidade, de coração. Escolhas para todos os lados que olhamos. E vamos indo, traçando nosso caminho, que é único.

No caminho da minha vida sempre vai ter espaço para vc, para caminharmos juntos vez em quando, para contarmos uns aos outros as surpresas e decepções com que encontramos. Porque sabemos, como você disse, que em qualquer caminho existem lobos. Mas em todo o caminho também existem flores, riachos, cores de variados tipos. Sempre. Espero estar sempre por perto e sempre estarei. Para te ouvir, para dar colo e amor.

Beijos do tamanho do mundo.

Camila

Jorge, FLÁVIA disse...

'O certo é que dói decidir ser algo diferente do que os outros esperam da gente.'

isso me acertou em cheio, acho q a gente vive passando por esses momentos, por necessidade de aceitação e escolhas. Muito bom o texto e bem reflexivo...

gostei mto.

bjo.